segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Cortina de Fumaça

A significação das relações sociais e espaciais do indivíduo com as pessoas cujas quais convive e com o espaço que habita, é colocada a um nível nem sempre perceptível à consciência humana, devido tamanha volatilidade dos acontecimentos cotidianos.

“Teatro é vida.” cita Peter Brook. Esta vida, segundo o diretor teatral, é concentrada e está ali, dada de maneira que se só torna visível devido a particularidade temporal de uma peça teatral. O tempo ali estabelecido também é volátil mas, o teatro nos permite o foco em uma ou mais ações apresentadas.

O significado cênico pode, muito provavelmente, ser divergente para cada um: a imaginação particular do espectador – construída com elementos do cotidiano- e a cena teatral transcendem, misturam-se e se resignificam de modo quase metafísico.

A cortina de fumaça, estabelecida pela volatilidade temporal do cotidiano, é aberta pelos fortes ventos que são o fruto da mistura da memória cognitiva do espectador e de uma proposta cênica que incentive a imaginação.


(redação de admissão para o curso de atuação na Sp Escola de Teatro)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Em defesa dos Y's desconcentrados

Todavia minha geração sofre, digo, minha geração enfurnada no mundo acadêmico sofre. No caminho da compra do meu café-despertador para aula de filosofia bergsoniana invejei os antigos e a sua capacidade imensa de concentração.
Os poucos que resistem, dedicados a entender a complexidade do pensamento de Bergson estavam ali, imóveis e devorados pela explanação da docente apaixonada. Me coloco com medo: será o fim de tamanha capacidade de concentração para desenvolver e analisar um pensamento filosófico?
As salas estão vazias e os cérebros rápidos se esforçam ao extremo para desacelerar seus bites alucinados pela era virtual. A geração y sofre e sofre sim, está com um pé na lenta jangada do conhecimento intelectual e com o outro na veloz lancha da informação que não quer nem saber do tempo. Onde está a nossa capacidade de concentração nesse presente volátil que acontece e desaparece no instante de um click?
As gerações y e z, que se tratam respectivamente das pessoas nascidas dos anos 80 a 90 e dos anos 90 em diante, tiveram seu cotidiano transformado. Tal transformação é advinda da era tecnológica pós anos 90, o ritmo de vida acelerou, não há mais o tempo para a reflexão, o corpo e a mente estão desacostumados ou acostumados demais a tal ritmo alucinatório.
A famigerada geração preguiçosa, a geração y, é vítima da troca do cérebro pela máquina - não que o cérebro esteja se desenvolvendo mecanicamente ao nível de uma máquina mas há uma desapropriação do cérebro pensante e a apropriação da capacidade instantânea da máquina - a máquina não reflete e obviamente, não desenvolve um pensamento crítico e intelectual. É o caminho do homem - desaparece portanto as qualidades mais preciosas do cérebro humano, aquelas que custaram milhares de anos para serem desenvolvidas e cujas quais estão sendo devoradas pela "preguiça" involuntária de pensar.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Como fazer história da arte contemporânea

O ensino e discussão da arte contemporânea no meio acadêmico instiga e provoca tanto discentes como docentes no que se diz respeito, principalmente, à teorização do conteúdo.
Própria do nome, a arte contemporânea aconteceu e continua acontecendo, o que gera uma certa volatilidade dos conceitos apreendidos. O problema é amenizado ao tratarmos dos anos 60, 70 e, até mesmo os anos 80 mas, quando olhamos para os anos 90 e 2000, vemos que nem tudo da arte destes anos fora digerido da maneira mais apropriada pelos teóricos que são, apesar das fontes alternativas, a principal base para a carreira acadêmica.
Quando se estuda o mesmo período em que se vive, principalmente no meio das artes, temos um lado positivo e outro negativo: o positivo se diz respeito a podermos ver com nossos próprios olhos, sentir as mesmas paixões e vocações que movem o artista na comcepção de uma obra, podendo assim discutir a prática sensitiva aplicada em relação a uma teoria contemporânea sobre ela elaborada. Já o lado negativo temos dois: o primeiro está em contraponto ao aspecto positivo acima citado, nossas paixões e vocações podem inebriar o olhar e desviar nossas consciências do ponto chave, academicamente falando, em questão. O próximo ponto negativo legitima-se na escassez de conteúdo teórico produzido até então, uma questão temporal óbvia.
Para fazermos uma história da arte contemporânea, além da atenção aos pontos acima citados, temos que, longe de um positivismo teórico ou funcionalista, manter uma certa distância e há quem prefira a neutralidade no que de diz respeito à análise de obras e artistas. O ideal é trabalhar partindo da reação do todo social, ou seja, à partir dos questionamentos e emoções despertados na sociedade e no indivíduo.

04/05/2011 - Redação para aula de Arte Contemporânea da Universidade Federal de São Paulo

segunda-feira, 11 de abril de 2011


A dança faz com que mesmo quem seja surdo possa sentir a música.

domingo, 27 de março de 2011


Os bares estão cheios de almas tão vazias, a ganância vibra, a vaidade excita, devolva a minha vida e morra afogada em seu próprio mar de ferro. Aqui, ninguém vai pro céu.

terça-feira, 22 de março de 2011


"A criação é o ilimitado; não adianta querer mentalizá-la. A mente tem o poder de aprisionar o que deve ser espontâneo, o que deve nascer. É preciso movimentar o ilimitado, que é nascente, sempre novo; faz-se." Hélio Oiticica, Setembro 1960

domingo, 13 de março de 2011

Às vezes, perder o equilíbrio por amor, é essencial para uma vida equilibrada.