segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Em defesa dos Y's desconcentrados

Todavia minha geração sofre, digo, minha geração enfurnada no mundo acadêmico sofre. No caminho da compra do meu café-despertador para aula de filosofia bergsoniana invejei os antigos e a sua capacidade imensa de concentração.
Os poucos que resistem, dedicados a entender a complexidade do pensamento de Bergson estavam ali, imóveis e devorados pela explanação da docente apaixonada. Me coloco com medo: será o fim de tamanha capacidade de concentração para desenvolver e analisar um pensamento filosófico?
As salas estão vazias e os cérebros rápidos se esforçam ao extremo para desacelerar seus bites alucinados pela era virtual. A geração y sofre e sofre sim, está com um pé na lenta jangada do conhecimento intelectual e com o outro na veloz lancha da informação que não quer nem saber do tempo. Onde está a nossa capacidade de concentração nesse presente volátil que acontece e desaparece no instante de um click?
As gerações y e z, que se tratam respectivamente das pessoas nascidas dos anos 80 a 90 e dos anos 90 em diante, tiveram seu cotidiano transformado. Tal transformação é advinda da era tecnológica pós anos 90, o ritmo de vida acelerou, não há mais o tempo para a reflexão, o corpo e a mente estão desacostumados ou acostumados demais a tal ritmo alucinatório.
A famigerada geração preguiçosa, a geração y, é vítima da troca do cérebro pela máquina - não que o cérebro esteja se desenvolvendo mecanicamente ao nível de uma máquina mas há uma desapropriação do cérebro pensante e a apropriação da capacidade instantânea da máquina - a máquina não reflete e obviamente, não desenvolve um pensamento crítico e intelectual. É o caminho do homem - desaparece portanto as qualidades mais preciosas do cérebro humano, aquelas que custaram milhares de anos para serem desenvolvidas e cujas quais estão sendo devoradas pela "preguiça" involuntária de pensar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário